Sou um grão perdido no ar.
Horizontes eternos, inefáveis paisagens distantes;
Poderia então pabular-me por tais coisas?
Quem dera pudesse de certa forma granjear tal enaltecimento;
Sinto-me tão pequeno e desprezível diante de tamanha situação!
Quantos questionamentos, quantas indagações, ponho-me em reflexão;
O que realmente sou? Como faço para controlar meu caminho?
E mais uma vez encontro-me arrastado e empurrado pelo vento;
Mas, onde descansarei esse ínfimo corpo em deambulação no ar;
Então me situo e percebo a grandeza e a essência de tal momento;
Entendo que tenho algo glorioso, ímpar, um dom inestimável;
Possuo aquilo o qual os grandes seres desde sempre se empenham;
A liberdade! Sim, ela está presente e me arrebata inexoravelmente;
Com isso minha jornada prossegue de forma infindável;
Contemplo, e agora com os olhos do verdadeiro entendimento;
Analiso cada estação pela qual passeio levemente, pois reconheço-me;
Sou um livre e solitário grão vagando no céu, perdido no ar.